A Polícia Federal (PF) pediu apoio à Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) para prender Eduardo Fauzi Richard Cerquise, um dos suspeitos de atacar a sede da produtora Porta dos Fundos na véspera do Natal de 2019.
Segundo o diretor-geral substituto da corporação, Disney Rosseti, a PF formalizou ontem (7) o pedido para a Interpol emitir um alerta internacional, a chamada difusão vermelha, incluindo Cerquise entre as pessoas procuradas pela Justiça criminal de seus países que fugiram para outras nações.
“Foi formalizado ontem [o pedido de] difusão vermelha. A gente pediu a cooperação e agora depende das autoridades [internacionais]”, disse Rosseti ao ser perguntado pela Agência Brasil.
Identificado como um dos cinco homens suspeitos de lançarem bombas caseiras contra a sede da produtora Porta dos Fundos, na zona sul do Rio, Cerquise viajou para Rússia dias após o ataque criminoso. Sua prisão temporária foi decretada e ele é considerado foragido da Justiça brasileira. Caso seja encontrado, Cerquise pode vir a ser extraditado, já que Brasil e Rússia têm acordo de cooperação na área.
A 10ª Delegacia de Polícia (DP) de Botafogo, no Rio de Janeiro já havia acionado as autoridades federais para que o nome de Cerquise fosse incluído na lista da Interpol. Na prática, como a organização internacional reúne polícias de vários países e sua lista de difusão vermelha é compartilhada entre os órgãos de segurança pública de todos os estados-membros, a emissão de um alerta internacional representa como que um mandado de prisão internacional que, quando cumprido, pode resultar na extradição do procurado.
Hoje, 98 brasileiros foragidos da Justiça constam da relação pública da Interpol. São 81 homens e 17 mulheres. Cerquise ainda não consta entre eles. A relação total de procurados, no entanto, pode ser maior, já que há uma segunda lista acessível apenas a pessoas autorizadas.
Identificação
A polícia do Rio apura também o motivo do ataque. De acordo com as investigações, vídeos gravados por câmeras de segurança registraram Cerquise deixando o local onde funciona a sede da produtora Porta dos Fundos momentos após o ataque. Segundo a Polícia Civil, ele é o homem que aparece nas imagens vestindo uma toca ninja e jogando fora um pedaço de fita adesiva usada para encobrir a placa do Eco Sport usado na ação em frente à produtora, junto com uma motocicleta.
“Durante a fuga, nós monitoramos toda a chegada e a fuga dos veículos utilizados no cometimento do delito. No momento do ato eles estavam encapuzados e não era possível através da imagem identificá-los, mas durante a fuga o [suspeito] sai de um dos veículos, continua a sua fuga por um trecho a pé. Nesse momento ele não está encapuzado. Conseguimos monitorar todo o trajeto até entrar em um táxi e fugir. Todo esse trecho conseguimos identificar o rosto, a fisionomia e conseguimos identificar o taxista que fez essa corrida”, disse o delegado responsável pelas investigações, Marco Aurélio de Paula Ribeiro, no último dia 31.
Em um vídeo que divulgou após ter deixado o Brasil, Cerquise critica os humoristas do Porta dos Fundos, a quem classifica como “intolerantes”. O suspeito pelo ataque diz que “quando o Porta dos Fundos escarnece do nome de nosso senhor Jesus Cristo ele pisa na esperança de milhões de pessoas que só têm Jesus Cristo como riqueza” – reforçando a tese de que o atentado contra a produtora pode ter sido motivado por um recente programa em que o grupo humorístico satiriza Jesus Cristo, sugerindo que este pode ter tido experiência homossexual.
“Quem fala mal do nome de Cristo prega contra o povo brasileiro. Esse é um crime de lesa-pátria. Eles são criminosos, são marginais, são bandidos”, acusou Cerquise no vídeo divulgado.
Agência Brasil