O senador Jorge Querey (FG), médico da família do ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo está internado, informou que o atual senador sofreu um acidente vascular cerebral
Atualmente, ele está internado em um sanatório privado em coma induzido. Jorge Querey atendeu o senador Lugo na manhã desta quarta-feira no sanatório San Roque, em Assunção, para onde foi transferido com urgência após sofrer uma descompensação no complexo do Congresso Nacional.
Após realizar os primeiros estudos médicos, Querey deu declarações à imprensa e informou que o ex-presidente da República está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em coma induzido.
Um primeiro diagnóstico indica que o parlamentar sofreu um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC).
Biografia
Fernando Lugo nasceu em uma família humilde de San Solano, no distrito de San Pedro del Paraná, departamento de Itapúa, a 400 quilômetros ao sul de Assunção. Filho de Guillermo Lugo e Maximina Mendez Fleitas, parte de sua família foi vítima de perseguição política durante a ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).
Em 1 de março de 1970 ingressou no noviciado dos Missionários do Verbo Divino. Paralelamente, realizou seus estudos superiores na Universidad Católica Nuestra Señora de la Asunción, na capital do país, onde se licenciou em Ciência da Religião.
Foi ordenado sacerdote católico em 15 de agosto de 1977 e posteriormente transferiu-se para o Equador a fim de trabalhar como missionário na diocese de Bolívar, com o monsenhor Leonidas Proaño (1910-1988), um dos expoentes da Teologia da Libertação.
Em 1983 foi para Roma onde realizou estudos de Espiritualidade e Sociologia na Pontifícia Universidade Gregoriana.
Em 17 de abril de 1994, de regresso ao Paraguai, foi nomeado bispo da diocese de San Pedro, uma das regiões mais pobres do país, pelo papa João Paulo II, em 1994. Adepto da Teologia da Libertação, Lugo é próximo do brasileiro Frei Betto e admirador de Leonardo Boff e de dom Hélder Câmara.
Foi membro da Conferência Episcopal Paraguaia e da equipe de Reflexão Teológica do Conselho Episcopal Latino-Americano.
Em 2004, sem divulgar as razões, a Igreja Católica o aposentou do cargo – hoje seu título é o de “bispo emérito“. Muitos no Paraguai acreditam que isso se deva à sua militância política.
Alheio às críticas ou às possíveis sanções da Igreja, em março de 2006, Lugo liderou o movimento Resistência Cidadã, que reunia os principais partidos políticos da oposição, cinco centrais sindicais e mais de cem associações e movimentos civis. No mesmo mês, foi o principal orador de uma manifestação de protesto contra o governo, convocada pela Resistência Cidadã, que reuniu mais de 30 mil pessoas em frente à sede do Congresso.
Participou também em 2006, do lançamento do Movimiento Paraguai Possível (MPP), que impulsionou sua candidatura ao pleito de 2008. O coordenador do MPP é seu irmão Pompeyo Lugo, um dissidente do Partido Colorado, partido que governou o Paraguai nos últimos 61 anos. Desde março de 2006, quando liderou uma passeata de 40 mil pessoas contra o projeto de reeleição do presidente Nicanor Duarte e manutenção dos colorados no poder, Fernando Lugo tornou-se uma estrela da oposição.
Em dezembro do mesmo ano, anunciou que “abandonaria a batina” para se dedicar à política e concorrer à presidência do país em 2008 – a lei paraguaia exige a desvinculação. Em seguida, apresentou seu pedido de renúncia à vida religiosa. Em resposta, a Santa Sé enviou-lhe uma carta na qual sugeria que ele “refletisse melhor” e abandonasse a pretensão de entrar na política. Por ter efetivado sua renúncia sem esperar a resposta do Vaticano e por manter sua atividade política, recebeu uma suspensão a divinis, do Papa Bento XVI, ou seja, deixa de exercer as funções eclesiais embora ainda seja um bispo.
“Ele não esperou a resposta do Vaticano. Então está oficialmente em rebeldia. Pode até ser excomungado. Ele ainda é bispo“, disse na ocasião o presidente da Conferência Episcopal Paraguaia (CEP), monsenhor Ignacio Gogorza.[2]
Em abril de 2009, Fernando Lugo reconheceu a paternidade de Guillermo Armindo Carrillo,[3] após processo movido pela mãe do menino, Viviana Rosalith Carrillo.