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Polícia Civil do Rio de Janeiro apresentou nesta sexta-feira (31), durante coletiva ao vivo às 11h45 na Cidade da Polícia, o relatório atualizado da Operação Contenção. A ação, deflagrada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, resultou em 121 mortes totais, sendo quatro policiais e 117 suspeitos ligados ao Comando Vermelho. Das vítimas neutralizadas, 99 foram identificadas, com 40 procedentes de outros estados, reforçando o escopo nacional da operação. Autoridades destacaram o cumprimento de 180 mandados de busca e apreensão, além de mais de 100 mandados de prisão, em planejamento de um ano.

O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, enfatizou o apoio institucional às forças envolvidas, mencionando um delegado que perdeu a perna e três colegas em estado grave. A operação mobilizou cerca de 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, com foco em desarticular a expansão territorial do Comando Vermelho. Confrontos se estenderam por 15 horas, de 6h às 21h, em uma área de nove milhões de metros quadrados. O governador Cláudio Castro classificou a iniciativa como o maior baque histórico contra a facção.

  • Prisões totais: 113, incluindo 33 de outros estados e 10 adolescentes infratores.
  • Dos presos, 54 possuem anotações criminais por crimes graves como homicídio e tráfico.
  • Todas as prisões tiveram preventiva decretada em audiências de custódia, confirmando legalidade
  • Planejamento e execução da operação
    Investigação durou cerca de um ano, com 60 dias de planejamento intensivo para escolher o dia ideal. Mandados incluíam 70 da Divisão de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil e 30 do Pará. Agentes avançaram em áreas de mata, usando táticas como o “muro do Bope” para isolar alvos. Helicópteros e drones auxiliaram no monitoramento, enquanto câmeras corporais registraram ações conforme normas do Supremo Tribunal Federal.
    Equipamentos de elite, como os da Coordenadoria de Recursos Especiais, foram decisivos em confrontos armados. Bloqueios em vias como Linha Amarela e Avenida Brasil foram montados, com 71 ônibus removidos durante o dia. Escolas e universidades suspenderam aulas para segurança. O Centro de Operações Rio coordenou o reforço ao estágio operacional nível 2.

    Corpos enfileirados em rua do Rio de Janeiro após operação policial mais letal da história da cidade
    Corpos enfileirados em rua do Rio de Janeiro após operação policial mais letal da história da cidade 29/10/2025 REUTERS/Ricardo Moraes
    Neutralizações e perfis criminais
    Dos 117 narcoterroristas neutralizados, 99 foram identificados até o momento. Pelo menos 42 contavam com mandados de prisão pendentes, e 78 apresentavam histórico criminal relevante. Esses 78 representam cerca de 80% dos neutralizados, com crimes como homicídio, tráfico de drogas, roubos e organização criminosa. A maioria dos alvos era formada por lideranças operacionais em pontos de venda e logística de armamento.
    A identificação envolveu papiloscopia, análise de DNA e perícia no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto. Mais de 100 corpos passaram por necropsias em turnos contínuos, com o IML fechado exclusivamente para a operação. Famílias aguardam liberação para traslados, com velórios previstos em Irajá e Inhaúma. Rabecões da Defesa Civil transportaram restos de áreas remotas.
    Homicídio e tráfico: Principais anotações em 78 perfis.
    Organização criminosa: Envolvimento em escalas de segurança e pagamentos.
    Roubos qualificados: Registros em operações interestaduais de expansão.
    Origens interestaduais dos alvos
    Dos 99 identificados, 40 são de outros estados, distribuídos em quatro das cinco regiões do país. Essa dispersão confirma o Rio como refúgio para foragidos do Comando Vermelho. Um terço dos presos também veio de fora, alinhando-se a alertas da Polícia Civil desde 2020 sobre fortalecimento do crime organizado devido a restrições operacionais. Relatórios de junho de 2020, subscritos pelo atual subsecretário, previram esse cenário.
    Lideranças neutralizadas incluem chefes de tráfico em diversos estados. A operação interrompeu fluxos de recursos e comunicações via aplicativos de mensagens. Grupos ordenavam punições a moradores e rivais, além de treinamentos em armamento pesado. Transferências para presídios federais ocorreram imediatamente após capturas.
    Pará: 13 neutralizados, incluindo vulgo PP, chefe local.
    Amazonas: 7, com Chico Rato e Gringo, líderes em Manaus.
    Bahia: 6, como Mazola em Feira de Santana, DG e FB.
    Ceará: 4 foragidos.
    Goiás: 4, incluindo Fernando Henrique do Santo e Rodinha em Itaberaí.
    Outros: 1 Paraíba, 1 Mato Grosso, 3 Espírito Santo (Russo em Vitória).
    Arsenal e inovações criminosas
    Foram apreendidas 118 armas, majoritariamente 91 fuzis de calibre 5.56 mm, aptos para disparos a longa distância. O arsenal incluía modelos de forças armadas do Brasil, Venezuela, Argentina e Peru, sinalizando comércio transfronteiriço. Depósitos improvisados em pontos de venda de drogas abrigavam munições e explosivos. Delegados da Coordenadoria de Fiscalização de Armas notaram que a presença de fuzis sul-americanos não é inédita, mas chamou atenção pela quantidade.
    Investigações revelaram negociações para aquisição de drones com câmeras térmicas, visando detectar policiais à noite. Mensagens interceptadas da Delegacia de Repressão a Entorpecentes mostram tentativas de uso para vigilância em comunidades. Em retaliação, criminosos lançaram bombas via drones contra agentes da Core. Apreensões ocorreram em bases desmanteladas, interrompendo rotas de suprimento.
    O relatório detalha trajetórias de projéteis em laudos preliminares, confirmando uso de armamento pesado pelos suspeitos. Equipes periciais analisaram ferimentos compatíveis com confrontos. Imagens de criminosos paramentados com coletes balísticos e roupas camufladas contrastam com relatos de corpos encontrados sem equipamentos, levando a inquéritos por fraude processual.
    Lideranças locais e regionais visadas
    Washington César Braga da Silva, o Grandão ou “síndico da Penha”, coordenava escalas de segurança e pagamentos no Complexo da Penha. Edgar Alves Andrade, o Doca da Penha, liderava a cúpula local do Comando Vermelho. Thiago do Nascimento Mendes, o Belão do Quitungo, atuava como braço armado de Doca. Nicolas Fernandes Soares, operador financeiro, e Juan Breno Malta Ramos Rodrigues, o BMW, responsável por torturas e treinamentos, foram detidos.
    Esses alvos figuravam em listas prioritárias baseadas em inteligência de um ano. A operação transferiu capturados para cadeias de segurança máxima antes de presídios federais. Perfis incluem comunicação em grupos para ordens de expansão territorial e punições. O balanço reforça que 80% dos neutralizados tinham relevância operacional.
    No Complexo do Alemão, bases de logística foram desarticuladas, com apreensão de drogas e documentos falsos. Moradores relataram 74 corpos retirados de mata para praça na Penha, com perícia em curso para confirmar relação com a ação. O Ministério Público do Rio enviou equipe de oito profissionais para perícia independente e acolhimento a famílias.
    Feridos e apoio às forças policiais
    Quatro policiais morreram: os civis Marcus Vinícius Cardoso de Carvalho, 51 anos, e Rodrigo Velloso Cabral, 34, da 39ª DP; e os militares Cleiton Serafim Gonçalves e Heber Carvalho da Fonseca, do Bope. Um delegado perdeu a perna, e três colegas permanecem em estado crítico no Hospital Getúlio Vargas. Outros sete agentes e três civis foram baleados, sem gravidade adicional reportada.
    O secretário Vitor Santos expressou total apoio institucional, com o governo à disposição para esclarecimentos. Feridos foram atendidos em unidades próximas, como o Getúlio Vargas na Penha. A operação elevou o policiamento em 12 pontos, com viaturas em vias como Avenida Braz de Pina. Clima tenso persiste, com carro queimado bloqueando entradas na Vila Cruzeiro.
    Civis baleados: Três moradores atingidos por fogo cruzado.
    Agentes feridos: Seis civis e dois militares, além dos graves.
    Atendimento: Priorizado em hospitais da Zona Norte.
    Cooperação interestadual e federal
    Governadores de seis estados aliados reuniram-se na quinta-feira (30) no Rio, formando o “consórcio da paz”. A iniciativa integra forças de segurança e inteligência, com sede proposta no Rio de Janeiro. Discussões focaram em compartilhamento de experiências contra o crime organizado. Após divergências, Cláudio Castro e o ministro Ricardo Lewandowski anunciaram força-tarefa federal-estadual, com apoio da Força Nacional até dezembro de 2025.
    Medidas incluem operações conjuntas em fronteiras e análise de rotas de tráfico. O consórcio segue modelo de outros existentes, dividindo soluções para libertação de territórios. Castro destacou humildade em reconhecer que a guerra não será vencida sozinho. O Ministério Público Federal pediu acesso a dados periciais em 48 horas.
    A operação superou recordes, como o Massacre do Carandiru (111 mortos em 1992) e Jacarezinho (28 em 2021). Críticas de órgãos da ONU e sociedade civil apontam letalidade, com retomada da ADPF das Favelas pelo STF. O governo classifica as mortes como resultado de confrontos, com criminosos optando por resistência.
    Perícias e procedimentos no IML
    Necropsias detalham causas de óbito e balística, com laudos confirmando armamento de guerra. O IML priorizou 100% dos corpos, transferindo necropsias rotineiras para Niterói. Técnicas aceleraram identificação, com coordenação para traslados interestaduais. Equipes do MPRJ realizam perícia paralela, acolhendo famílias dos 40 de fora.
    Imagens de drone mostram corpos levados por moradores, com inquérito por possível fraude. Autoridades exibiram fotos de alvos paramentados, contrastando com achados na mata. O relatório alerta para fortalecimento do CV desde 2020, devido a limitações impostas. Planejamento incluiu análise de comunicações em apps para punições e segurança.
  • Fonte:mixvale
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