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Jovem de Ponta Porã conquista 1º lugar em concurso literário com texto inspirado em Clarice Lispector

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A estudante Ana Laura Peres Jerônimo, do 3º ano da Escola Estadual Professora Geni Marques Magalhães, conquistou o primeiro lugar na categoria Crônica do Concurso Literário da Bienal Pantanal 2025 com o texto “Talvez eu me invente”. A conquista representa mais do que reconhecimento literário: ela também evidencia o papel transformador que o ambiente escolar pode ter quando oferece acesso à leitura, estímulo e espaços como bibliotecas vivas, capazes de despertar repertórios e identidades.

Mas o que mais impressiona em Ana Laura surge antes mesmo da escrita: ela fala com uma lucidez rara para a idade. Olha nos olhos, escolhe as palavras com calma e trata a literatura não como vitrine, mas como abrigo. Sua sensibilidade não é fragilidade — é direção.

A seguir, a entrevista completa.

Thales Quadros: Antes de falarmos da premiação, queria voltar um pouco no tempo. Quando foi que você percebeu que gostava de escrever?

Ana Laura: Acho que começou quando eu era bem pequena. Eu tinha uns sete anos e já era muito ligada em histórias. Minha mãe assinava um box de livros infantis, e todo mês chegava um livro novo em casa. Eu esperava chegar pra poder ler. Lia, relia… aquilo foi virando parte da minha rotina. A leitura veio antes da escrita, mas já plantou essa vontade de contar histórias.

AL: Depois, com uns doze anos, eu comecei a escrever mesmo. Publiquei meu primeiro livro numa plataforma online, sem pretensão nenhuma, só porque eu gostava. Era um romance, e eu pensei que só algumas pessoas iam ler. Mas acabou tendo mais de cento e cinquenta mil leituras. Ali eu entendi que escrever era algo que fazia parte de mim, não só um hobby.

TQ: Que bonito isso. Você teve incentivos?

AL: Minha família sempre incentivou muito. Principalmente a minha mãe. Ela sempre comprou livros, sempre me deixou perto da leitura. Isso ajudou muito a formar quem eu sou hoje.

TQ: E como nasce “Talvez eu me invente”? De que lugar veio essa crônica?

AL: Ela nasceu de um lugar bem interno. Depois dos quinze anos eu comecei a ler Clarice Lispector, e a escrita dela virou uma espécie de refúgio pra mim. Eu me identifiquei com esse jeito profundo de olhar pra dentro. A adolescência tem coisas que a gente sente e nem sempre sabe explicar, então encontrar na literatura algo que me entendesse foi muito importante.

AL: Quando vi o concurso, eu não pensei em ganhar. Eu pensei em ser sincera. Eu queria escrever algo que fosse verdadeiro pra mim. Não fiz pra impressionar, foi mais um “eu preciso dizer isso”.

TQ: Dá para sentir essa verdade na leitura.

AL: Quando terminei, eu senti alívio. Porque tudo que eu escrevo tem um pedaço meu. Mesmo quando é personagem, tem eu ali de algum jeito. E às vezes as pessoas esperam textos felizes o tempo todo. Quando você traz melancolia ou profundidade, acham que é tristeza pessoal. Mas não. É só outra forma de existir.

TQ: Quem te incentivou a realmente se inscrever no concurso?

AL: Foi a coordenadora Olga. Ela leu algumas coisas minhas e me disse pra participar. E ela disse com tanta certeza, sabe? Acho que ela acreditou primeiro. Isso fez diferença.

TQ: E quando o resultado saiu?

AL: Eu fiquei em êxtase. Eu realmente não esperava. Era o estado inteiro participando. Quando eu vi meu nome, deu uma sensação de alegria misturada com choque. Parecia que uma porta tinha se aberto na minha frente.

TQ: E agora, depois dessa conquista, quais são os planos?

AL: Eu quero continuar escrevendo e quero fazer faculdade de Letras. Acho que estudar literatura vai me dar mais base, mais repertório. A escrita faz parte de mim. Mas eu sei que no Brasil é difícil viver só disso, então eu penso em ir construindo esse caminho aos poucos, sem deixar de sonhar.

TQ: Se você pudesse deixar uma mensagem final para outros jovens — e também para pais — qual seria?

AL: Eu acho que hoje o grande obstáculo é o excesso de celular. As pessoas consomem muita coisa rápida e acabam esquecendo dos livros que já têm em casa. Às vezes o que pode transformar alguém já está ali, só esperando.
E eu sempre penso que o conhecimento é a única coisa que ninguém tira.

“Eu prefiro não ter nada material e ter conhecimento.”

Entrevista por Thales Quadros (Assessoria da Prefeitura de Ponta Porã)

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