Toda terça-feira, pela manhã, ele chega ao trabalho de terno. Ocupa um lugar de destaque na Mesa Diretora da Câmara Municipal de Ponta Porã. Sua cadeira fica entre o posto da 1ª Secretária, Vereadora Lourdes Monteiro, e a poltrona da fiel companheira de trabalho, Denize.
Está ali para, muitas vezes, orientar os parlamentares no desenvolvimento das atividades inerentes às sessões da Câmara Municipal. O que fala, sempre baseado no Regimento Interno da Casa, é ouvido e acatado por quem comanda o Legislativo.
Uma rotina de muito dias. São exatos 40 anos de trabalho na Câmara Municipal de Ponta Porã. É tanto tempo ali, que muita gente que desconhece o ritual dos trabalhos legislativos, imagina que ele seja também vereador.
Em quatro décadas de trabalho, Miguel Jaime do Nascimento ensina muita coisa sobre a importância do segundo mais importante Poder constituído no Município: o Legislativo. É ele quem coordena e orienta as posses dos parlamentares, o encaminhamento de decisões difíceis quando há dúvidas sobre o cumprimento do regimento Interno e da Lei Orgânica do Município.
Nesta quarta-feira, 30 de março, ele foi homenageado. Recebeu um título de Votos de Congratulações das mãos do Presidente da Casa, Vanderlei Avelino. Na solenidade, foi cumprimentado por todos os parlamentares. Também pelos colegas de trabalho e público presente na sessão ordinária.
Nesta entrevista concedida ao jornalista Nivalcir Almeida, colega de trabalho de vários anos, Miguel conta como começou na Câmara. “Quando comecei na Câmara, havia nove vereadores e sete funcionários para cuidar de tudo. Tempos calmos, tranquilos.”, recorda.
Até chegar ao cargo de Secretário Geral da Casa, desempenhou diversas atividades. “Entrei na Câmara no começo dos anos da década de 1980, quando o presidente era o Nélio Alves de Oliveira. Eu era assistente administrativo. Fazia vários serviços, como ir ao banco resolver as coisas da Casa. Uma espécie de office boy. Fui o primeiro tesoureiro da Câmara. Na época o presidente era o Helinho Peluffo (hoje prefeito). Foi ele quem criou a Tesouraria. Já fui assessor parlamentar, contador, Chefe de Gabinete, enfim, passei por todos os setores da Casa. Sempre procurei aprender para poder desempenhar as funções a contento. Neste sentido fiz dezenas de cursos, principalmente na Assembleia Legislativa. Sempre corri atrás e, com apoio dos presidentes que foram passando pela Casa, me aperfeiçoei”, relata.
Segundo ele, o trabalho precisa ser isento de quaisquer preferências políticas. Além disso, é preciso estar atento a outra questão fundamental: como lidar com os vereadores. Hoje são 17 que formam o Poder Legislativo Municipal. “Ao longo do tempo a gente aprende que muitos ocupantes de cargos são movidos pelas vaidades e, por isso, é preciso tomar cuidado. Lidar com políticos não é fácil. O melhor a fazer é prestar um serviço técnico, baseado no Regimento Interno e na Lei Orgânica do Município, meus livros de cabeceira, que estudei a fundo para desempenhar minhas funções”, ensina.
Feliz por ser homenageado, diz que é sinal do reconhecimento dos vereadores pela importância do trabalho desenvolvido. “O presidente Vanderlei Avelino me entregou esta honraria que foi concedida com a aprovação unânime. São 17 vereadores me homenageando. Estou muito feliz”.
O certificado entregue a Miguel traz a seguinte mensagem: “Votos de Congratulações pela brilhante carreira profissional trilhada na Câmara Municipal de Ponta Porã, completando 40 anos de atuação, passando neste período por diversos setores, adquirindo vasta experiência e colaborando sobremaneira com os trabalhos legislativos, tornando-se a mais rica memória viva de todas as atividades que a Câmara promoveu. Com carisma único, simpatia e humildade demonstra competência e comprometimento com o que faz”.
Tanta dedicação e zelo, bem como a estreita ligação com o Poder Legislativo Municipal, faz com que muita gente na cidade o chame de “Miguel da Câmara”. E, pela vitalidade que demonstra, continuará sendo visto na Mesa Diretora por muito tempo ainda. É que mesmo aposentado, ele continua desempenhando as funções inerentes ao cargo, considerado por muitos, como o “18º vereador”.
Assessoria*