O Brasil está fora. Perdemos nos pênaltis para a Croácia depois de 120 minutos e prorrogação eletrizante, que acabou em 1 a 1. Foi duro, um soco na alma. Mais uma vez, o filme em cartaz desde 2006 se repetiu, com pequenas mudanças no roteiro. A vaga era da Seleção até os últimos minutos de jogo. Daí vieram o empate, as cobranças erradas de Rodrygo e Marquinhos e a volta para casa. O sonho do Hexa aqui no Oriente Médio virou pó. Teremos nossas mil e uma noites, mas de insônia, se questionando por que aquela bola não ficou retida lá no ataque? Por que permitimos um contra-ataque? Por que o segundo mais jovem bateu o primeiro pênalti? Teremos tempo para encontrar essas respostas.
Foi nervosismo desde o primeiro tempo. Tanto que passou voando. Muito pelas dificuldades que o Brasil teve. A Croácia marcou, fechou espaços e tirou nossas linhas de passe. Encurtou o campo a 40 metros e ali empacotou o Brasil com suas camisas quadriculadas vermelha e branca. Fosse um presente, tinha até embrulho. Só que não era presente. Com a bola, os croatas jogavam como sempre fizeram as seleções da região dos Bálcãs. Até 1991, quando todos eram Iugoslávia, tinham na Europa o rótulo de Brasil do continente. Sempre formaram times muito técnicos.
Acrescente-se a essa Croácia uma tranquilidade que parecia inabalável. Modric pegava a bola e parecia estar em Zagreb, passeando, ou nas areias de Split, novo destino de férias e badalação no Mar Adriático. Kovacic saía de trás e avançava com a certeza de quem chegará ao destino. Perisic, na esquerda, partia firme para cima de Militão. Não foi um bom primeiro tempo. Por que quem teve o controle do jogo foram os croatas. Kovacic, companheiro de Thiago Silva no Chelsea, era uma sombra de Paquetá.
Como Modric ou Brozovic vigiavam Casemiro e nossos quatro atacantes estavam bem vigiados, a bola rodava e voltava para os pés de Marquinhos e Thiago. Não que isso seja ruim, os dois já mostraram qualidade de passe de camisa 10. O problema é que eles não tinham para quem passar. Quando acionavam Vini Jr., antes de ele tocar o pé na bola havia três sujeitos quadriculados na volta dele. Três, em fila. O que fazia a bola voltar para a defesa.
Assim, o jogo ficou de intermediária à intermediária. O Brasil girava, buscava espaço e perdia. A Croácia assumia e, com jogadas rápidas, sempre encontrava espaço. Principalmente, pela direita, com Juranovic sempre livre, longe dos olhos de Vini. Mas os croatas faziam jogo modelo prorrogação e pênaltis. Mesmo tendo mais a bola e controlando, não chutaram a gol. O que o Brasil fez. Principalmente quando Neymar saiu da posição e veio buscar a bola atrás. Mas nada ameaçador.
Com isso, o primeiro tempo foi tenso, mas sem emoção. A torcida brasileira, excitada e em bom número, nem quis saber de intervalo. As luzes se apagaram, a música eletrônica veio rasgando e nada de o povo se animar.
Segundo tempo de pura tensão
Menos mal que o Brasil voltou agudo. Aos dois, Militão cruzou, Livakovic evitou gol contra de Gvardiol. Havia mais animação, graças a Deus. Aos nove, Richarlison fez pivô de futsal e tocou para Neymar. Livre, só ele e o goleiro. E ele perdeu. O que só aumentou a angústia. Neymar perder gol assim não é bom presságio. Tite colocou Antony e tirou Raphinha, quase sumido. Depois, trocou Vini por Rodrygo.
O Brasil ganhou mais gás. Os dois guris entraram impetuosos. Paquetá, aos 20, entrou área adentro e parou em Livakovic, a esta altura nome do jogo. Aos 31, o goleiro parou o arremate de Neymar de dentro da área. Aos 35, em jogada de Antony e Rodrygo, ele defendeu chute de Paquetá. Tite apostou em Pedro. Não resolveu. O jogo para a Croácia, sentimos na pele hoje, tem 120 minutos. Ela passou uma hora e meia sem chutar a gol. E assim fomos à prorrogação. Tensos, com um piano em cada ombro.
gauchazh*