O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (26), após a decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros dos Estados Unidos. Investidores ainda repercutiram a elevação da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch Ratings e monitoraram balanços corporativos.
Ao final da sessão, a moeda norte-americana recuou 0,46%, cotada a R$ 4,7276. Na mínima do dia, foi a R$ 4,7225. Veja mais cotações.
Na segunda-feira, o dólar teve alta de 0,35%, vendida a R$ 4,7494. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular quedas de:
- 1,11% na semana;
- 1,28% no mês;
- 10,43% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O grande destaque desta quarta-feira (26) ficou com a decisão de política monetária do Federal Reserve, que elevou o patamar de juros dos EUA para a maior taxa em 22 anos.
O Fed correspondeu à expectativa do mercado de um novo aumento da taxa básica norte-americana de 0,25 ponto percentual, para uma faixa de 5,25% a 5,50%.
Apesar de ter feito uma pausa na subida de juros em sua última reunião, a autarquia já havia sinalizado que novas altas seriam necessárias para controlar a inflação norte-americana, que arrefeceu, mas permanece acima da meta de 2%.
Em comunicado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica dos EUA vem crescendo em ritmo moderado. A nota reforça que os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses, enquanto a taxa de desemprego permaneceu baixa e a inflação segue elevada.
“Ao determinar a extensão do endurecimento adicional da política que pode ser apropriada para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo, o Comitê levará em conta o aperto cumulativo da política monetária, os atrasos com os quais a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação e os fatores econômicos e financeiros”, disse.
O Comitê também destacou que continuará monitorando as implicações das perspectivas econômicas e que, caso surjam riscos que possam impedir o alcance de suas metas, estará “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado”.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse em uma coletiva de imprensa que é possível que o banco central norte-americano siga a alta dos juros desta quarta-feira com outra elevação da taxa na reunião de política monetária agendada para setembro.
“É certamente possível que elevemos a taxa de juros na reunião de setembro se os dados justificarem, e eu também diria que é possível que decidamos nos manter estáveis nessa reunião” se for isso que os dados pedem, disse Powell. Ele observou que o Fed tomará decisões sobre a política monetária reunião a reunião.
Powell disse que uma ampla gama de dados será considerada pelo Fed ao deliberar sobre a política monetária.
Já por aqui, as atenções estavam para a nova elevação da nota de crédito brasileira pela agência de classificação de risco Fitch Ratings, de BB- para BB, com perspectiva estável. O país havia sido rebaixado para o patamar BB- em 2018, em meio à crise nas contas públicas e pela não aprovação, na época, da reforma da Previdência no governo de Michel Temer.
“A atualização do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos, políticas proativas e reformas que apoiaram isso e a expectativa da Fitch de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais”, diz o comunicado da Fitch.
A nova classificação ainda indica um “grau especulativo” — o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.
A agência, contudo, indica que o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais desde seu último rebaixamento. São citadas, em específico, a reforma da Previdência e a autonomia do Banco Central, aprovadas pelo governo de Jair Bolsonaro, além do arcabouço fiscal e a reforma tributária, já no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O relatório pondera ainda que, apesar de Lula defender “um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores”, a agência espera que desvios sejam contidos pelo “pragmatismo e pelos freios e contrapesos institucionais”.
Após o anúncio da Fitch Ratings, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou “não ter sentido” o Brasil não receber “grau de investimento” pelas agências de classificação de risco. O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes.
“A Fitch é a primeira das grandes agências que muda a nota. Eu sempre disse, e continuo acreditando, que a harmonia entre os poderes é a saída para que nós voltemos a ter o grau de investimento. […] Fico feliz de, em seis meses de trabalho, a gente já ter conseguido sinalizar ao mundo que o Brasil é o país das oportunidades”, disse em entrevista a jornalistas.
G1*