Sextou! ‘Short Friday’ Chega Mais Cedo em Empresas com Meio Expediente nas Sextas

Short Friday' é uma alternativa à redução da semana de trabalho — Foto: Arte/André Mello

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Como parte da crescente tendência de flexibilização nas jornadas de trabalho corporativas, algumas empresas optaram por reduzir a carga horária no último dia útil da semana.

air mais cedo do trabalho na sexta-feira pode parecer um sonho, mas, para alguns brasileiros, é realidade. Enquanto a semana de quatro dias começa a ganhar espaço no Brasil e no mundo, algumas empresas já adotam a chamada “Short Friday” (sexta-feira curta) há algum tempo, permitindo que os funcionários tenham um expediente mais curto nesse dia e antecipem o início do fim de semana.

A farmacêutica Bayer, por exemplo, introduziu o modelo em 2011. Apesar de o horário padrão da short Friday ser das 7h30m às 13h30m, os funcionários têm a opção, nesse dia, de começar a trabalhar até duas horas mais tarde, às 9h30m — nesse caso, saem duas horas mais tarde.

Para Rosimeire Muricy, superintendente de consultoria da Mercer Marsh Benefícios, a adoção de práticas mais flexíveis pelas empresas influi no desempenho dos funcionários:

— Os colaboradores são mais prósperos nas organizações quando se sentem valorizados e realizados.

A analista de Talent Acquisition da Bayer Thaiane Bragante, de 37 anos, aproveita a saída mais cedo às sextas-feiras para se cuidar e ainda buscar seu filho de 1 ano mais cedo na creche. Ela diz que esse tempinho extra faz toda a diferença na produtividade:

— É como se o seu fim de semana fosse antecipado. Quando você volta na segunda-feira, não tem aquela impressão de que o fim de semana passou voando. Você consegue pensar melhor, ter mais criatividade e focar mais.

Na Bloomin’ Brands, dona de marcas de restaurantes como Outback e Abbraccio, a short Friday foi implementada pela primeira vez em 2015, durante o verão, quando o expediente terminava às 14h. Devido ao sucesso do modelo, em 2019, o benefício foi ampliado para o ano todo. Os funcionários, no entanto, devem escolher somente uma sexta-feira do mês para trabalhar até as 14h.

— A experiência e o retorno dos colaboradores em relação à short Friday têm sido extremamente positivos. Observamos resultados excelentes, com profissionais mais motivados e engajados — afirma Tatiana Taffuri, diretora de Gestão de Pessoas e Cultura na Bloomin’ Brands Brasil.

Short Friday’ compensada?

Na avaliação da Bayer, o modelo vem funcionando e atendendo às necessidades de flexibilidade dos colaboradores, por isso não considera a adoção da semana de quatro dias no momento. Erica Barbagalo, vice-presidente de Recursos Humanos Brasil e para o negócio agro Latam da Bayer, explica que a short Friday está alinhada a um programa de compensação de dias e horas:

— Para garantir que não haja impactos significativos na rotina diária dos colaboradores, a Bayer redistribui essa soma ao longo dos dias úteis do ano. Dessa forma, os colaboradores trabalham um tempo adicional a cada dia para desfrutar da short Friday e das pontes de feriados, sem comprometer suas atividades profissionais.

No entanto, a compensação de dias e horas não é uma regra para empresas com sexta-feira reduzida. De acordo com a legislação brasileira, a jornada do trabalhador tem a duração de oito horas diárias — ou 44 horas semanais —, facultada a compensação de horários e redução de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva.

— Adotar uma jornada menor que o limite trazido na Constituição Federal é, como regra, lícito, bastando ajustar isso por escrito com o empregado e remunerar os serviços prestados pagando o valor do salário mínimo/hora — explica Alexandre Fragoso, especialista em direito do Trabalho e sócio do escritório Briganti Advogados.

Ele ressalta que, quando a empresa reduz a carga horária, o mesmo não deve acontecer com o salário. E, caso decida voltar atrás e aumentar a jornada, a empresa precisa da anuência do trabalhador, além de assegurar que não haja prejuízo para ele.

Redução da jornada sem desconto

Na Bloomin’ Brands, a sexta-feira mais curta não implica desconto, seja no salário, seja no banco de horas. Na L’Oréal, que desde 2021 libera os trabalhadores às 15h na sexta-feira, também não há redução salarial.

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