PONTA PORÃ NA LINHA DO TEMPO/YHULDS BUENO:
Ponta Porã 112 Anos De Histórias. 1919 CRIAÇÃO DO 11º REGIMENTO DE CAVALARIA INDEPENDENTE EM PONTA PORÃ.
RESUMO. A pesquisa tem como objetivo análise historiográfico da criação do 11º RCI Regimento de Cavalaria Independente que posteriormente foi denominado 11º RC Mec. Regimento de Cavalaria Mecanizado. Não serão abordados os conflitos armados que ocorreram anteriormente e os desfechos pós-guerra da durante essa narrativa, ficam estes especificamente como um ponto de entendimento para compreensão da necessidade de criação e construção do 11º RC na fronteira. O Regimento de Cavalaria Mecanizado está localizado no município de Ponta Porã, no estado de Mato Grosso do Sul, é uma das dezenas de unidades existentes do Exército Brasileiro. Subordinada a logística organizacional do Comando Militar do Oeste, que subsequentemente pertence à 9ª Região Militar e orgânica da 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, com sede em Dourados.
PALAVRAS-CHAVE: Território Identidade; Regimento; Sentinela Avançada; Memória histórica Regional.
ABSTRACT: The research aims at the historiographic analysis of the creation11th RCI Independent Cavalry Regiment. Which was later named 11º RC Mec. Mechanized Cavalry Regiment, it will not address the armed conflicts that occurred previously and the postwar outcomes of this narrative, these are specifically as a point of understanding to understand the need to create and build the 11th RC at the border. The Mechanized Cavalry Regiment is located in the municipality of Ponta Porã, in the state of Mato Grosso do Sul, is one of dozens of existing units of the Brazilian Army. Subordinated to the organizational logistics of the Western Military Command, which subsequently belongs to the 9th Military and Organic Region of the 4th Mechanized Cavalry Brigade, based in Dourados.
INTRODUÇÃO HISTÓRICA.
A história do Exército Brasileiro começa oficialmente com o surgimento do Estado brasileiro, ou seja, com a independência do Brasil. Mobilizações de brasileiros para guerra existem desde a colonização do Brasil, sendo as primeiras dignas de nota, as efetuadas contra as tentativas de colonização francesa no Brasil, nas décadas de 1550 e de 1610. Ainda durante o período colonial, na Batalha de Guararapes, no contexto das invasões neerlandesas do Brasil, os efetivos portugueses eram formados majoritariamente por brasileiros (brancos, negros e ameríndios).
Após o golpe de Estado que instaurou a forma de governo republicano ao país, foi prometido aos militares o aumento em seus salários, assim como a instituição da reforma compulsória, alteração dos planos de organização do Exército, a reforma do ensino militar e a regulamentação de promoções visando aperfeiçoar a instituição. Entretanto, a reorganização do Exército limitou-se a aumentar o número de batalhões e regimentos, sem que fosse modificada a quantidade de militares. As promoções que foram concedidas pelo novo governo desrespeitaram a hierarquia, antiguidade e competência, tendo-se como critério apenas interesses políticos.
11º RCI REGIMENTO DE CAVALARIA INDEPENDENTE
Imagem creditada a Albert Braud. Construção do pavilhão principal do 11º RC.
O presidente da República Epitácio Pessoa sanciona em 1919 o Decreto número 13.916 de 11 de dezembro, criando em Ponta Porã o 11º RCI (Regimento de Cavalaria Independente) é instalado no ano seguinte, sendo seu primeiro Comandante o Capitão Hipólito Paes Campos, construído a partir de 1921 na cidade de Ponta Porã. Sua missão é proteger a fronteira oeste do Brasil. A finalização da sua estrutura ocorreu anos mais tarde, na década de 40.
Acervo Albertino Fachin. Foto créditos Albert Braud. Área do 11º RCI Regimento de Cavalaria Independente com estrutura e pavilhões de madeira foto década de 20.
Toda princesa precisa ser protegida não diferente a cidade fronteiriça Ponta Porã carinhosamente apelidada de “Princesinha dos Ervais” tem no 11º RC MEC, seu guardião sempre a postos para defender a honra desta região, há 99 anos protegendo a região de fronteira de qualquer invasão.
Acervo Albertino Fachin. Foto créditos Albert Braud. Área do 11º RCI Regimento de Cavalaria Independente. observa se na imagem carros antigos Ford modelo T soldados e autoridades na área que seria as futuras instalações e construção dos pavilhões do 11 RCI com estrutura e pavilhões de madeira foto década de 20.
Na década de 40 a fronteira inaugurou a estrutura existente até os dias atuais do 11º RC, imponente e soberba com suas linhas arquitetônicas clássicas, mas acolhedora a todos os filhos desta terra que a ela irão servir. Desde sua criação ao longo das décadas muitos foram os valorosos soldados que serviram nesta unidade militar, o 11º RC MEC tem em sua história a participação de praças na segunda Guerra Mundial, como em várias colaborações em conjunto com a (ONU-Organizações das Nações Unidas), sendo as mais recentes no Haiti.
O Regimento recebe anualmente integrantes da EsSA, AMAN, EsAO, ECEME e do Centro de Instrução Paraquedista Gen Penha Brasil, para a realização de diversos PCI (Pedido de Cooperação de Instrução). Devemos destacar, também, a participação do “Onze” nas Temporadas Hípicas do Troféu Guaicurus, onde o Regimento sempre se destacou, vencendo diversas provas. O Regimento Marechal Dutra vem se destacando, desde sua instalação em Ponta Porã – MS, cumprindo suas missões regulamentares e preparando seus homens para a defesa de nosso território. Seus integrantes, com grande espírito de vibração, continuam mantendo as tradições de seu passado histórico, honrando o “Sentinela Avançada da Fronteira”.
ACONTECIMENTOS ANTERIORES A CRIAÇÃO DO 11º RCI.
Anterior ao povoamento da região fronteiriça estes oriundos dos mais diversos lugares do país e do mundo, em especial de sulistas e paulistas. Os primeiros a se aventurar pelas vastas terras da região Oeste e Sul do Brasil, citados em arquivos históricos, pois tinham como objetivo desbravar a grande imensidão de terras da região de Mato Grosso, onde hoje é o Estado de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do sul, foram os bandeirantes: Antônio Castanho da Silva, Jerônimo Bueno e Jerônimo da silva no período 1622, Francisco Pedroso Xavier em 1638, Antônio Pereira de Azevedo e Raposo Tavares em 1648, Campos Bicudo 1691, Pascoal Moreira Cabral Leme 1718.
Buscando em memórias passadas, estas registradas em documentos, ou na grande maioria de forma oral, histórias repassadas de geração em geração sobre como iniciou o povoamento da fronteira é mencionado que, um dos primeiros fatos histórico registrado ocorreu no ano de 1777 quando uma expedição militar chegou a esta região fronteiriça, tendo como objetivo de explorar o solo, conhecer e mapear de forma mais precisa a extensão e todas as riquezas que aqui existiam, assim poderiam ver sua dimensão com uma maior precisão, sem contar que o fator que chamava a atenção seria o potencial na quantidade de matas e futuras terras para expansão, exploração e cultivo que esta região teria.
Passados quase um século depois no ano de 1862 chegou o grupo do tenente militar Antônio João Ribeiro que tinha como objetivo fixar um forte na cabeceira do rio Dourados, onde hoje é o município de Antônio João, erguendo ali a famosa Colônia Militar dos Dourados que foi destruída durante a guerra da tríplice aliança ficando este fato marcado na história, este local um ponto estratégico por ser uma cabeceira e ponto de parada a viajantes, tropeiros e utilizado pelo próprio exercito para reabastecimento e descanso, uma rota cobiçada na época que gerou um dos estopins do conflito armado que se seguiu.
A Guerra do Paraguai também conhecida como Guerra da Tríplice Aliança, na história da América Latina foi o maior conflito armado envolvendo quatro grandes nações sul-americanas, existem publicações históricas de ambos os lados sobre fatos ocorridos. Esse conflito ocorreu no período de 1864 a 1870 principalmente na região da província de Mato Grosso nessa época, tendo a região de Ponta Porã Brasil e Pedro Juan Caballero Paraguai, sendo a fronteira um dos principais pontos do desfecho deste conflito.
Segundo registros históricos nacionais na década 1930, assumiu o comando do 11º RC Regimento de Cavalaria neste período histórico o Tenente-coronel Eurico Gaspar Dutra, nascido em Cuiabá, 18 de maio de 1883, falecendo na cidade do Rio de Janeiro, 11 de junho de 1974, foi o décimo sexto Presidente do Brasil, em 1902 ingressou na Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, e, depois, na Escola Militar de Realengo e na Escola de Guerra de Porto Alegre, em 1922 formou-se na Escola de Estado-Maior. Dutra foi ministro da guerra de 1936 a 1945. Desta forma para homenagear célebre figura o 11º RC adotou o nome de Eurico Gaspar Dutra.
Segundo Acyr Vaz Guimarães, em seu livro “História dos Municípios (1992)”, Pandiá Calógeras nessa época ministro da guerra, nomeou como diretor de engenharia da construção da organização militar, o major Cândido Rondon que já estivera em 1905 em Ponta Porã, ficando esse encarregado pela construção do quartel em 1921. Em 20 de março de 1991, através da Portaria Ministerial Nº 148, de 14 de março de 1991, o Regimento recebeu a denominação histórica de “Regimento Marechal Dutra”, o Marechal Eurico Gaspar Dutra, que comandou, como Tenente-Coronel, o 11º RCI no período de 16 de dezembro de 1930 a 11 de junho de 1931.
Na década de 40 a fronteira inaugura com muita festa e presença de autoridades locais a estrutura existente até os dias atuas do 11º RC imponente e soberba com suas linhas arquitetônicas clássicas, eis que surge como um “príncipe” que irá servir de guardião para a “Princesinha dos Ervais” Ponta Porã.
Ponta Porã Linha do tempo. Arquivo pessoal de Nilza Terezinha: Foto do acervo de Itrio Araújo dos Santos conhecido como (cabo Itrio). Nesta foto, autoridades políticas e do exército brasileiro em um dos muitos eventos e solenidades cívicas realizadas desde sua criação na década de 40.
A formação de soldados de excelência era a marca do regimento, fundamentalmente para que isso ocorresse constantemente eram realizadas instruções de tiro para capacitar os soldados, preparando os mesmos para um eventual combate se necessário.
Ponta Porã Linha do Tempo. Arquivo pessoal de Nilza Terezinha: Foto do acervo de Itrio Araújo dos Santos conhecido como (cabo Itrio), Na imagem cabo Itrio e companheiros soldados do 11º RC PP realizando instrução e treinamento de tiro na década de 40.
Por ser um quartel de referência e seus soldados terem um bom curriculum, levou o 11º RCI a ser convocado a enviar durante a 2ª Guerra Mundial, aos campos de batalha da Itália vários militares. Neste conflito armado do grupo de soldados enviados para a linha de frente do combate, infelizmente os soldados (Sebastião Ribeiro e Tomás Antônio Machado in memoriam) tombaram no cumprimento do dever, neste período histórico. Com o desfecho da guerra e seu término em 1946 o Regimento alterou sua denominação para 11º Regimento de Cavalaria o mesmo ficaria subordinado à 4ª Divisão de Cavalaria, então localizada na cidade de Campo Grande.
Ponta Porã Linha do Tempo. Arquivo pessoal de Nilza Terezinha: Foto do acervo de Itrio Araújo dos Santos conhecido como (cabo Itrio), Imagem de soldados do 11º RC realizando instrução e treinamento de sobrevivência na selva década de 40.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na tradição do Exército Brasileiro considera-se o dia 19 de abril de 1648 como aquele em que simbolicamente foram constituídas as raízes da mais antiga das três forças armadas nacionais. A data faz referência à Batalha dos Guararapes, envolvendo holandeses e luso-brasileiros e onde se reconhece que pela primeira vez, indígenas brasileiros, africanos escravos e brancos portugueses e brasileiros se uniram para reconquistar o território há anos ocupado pelos holandeses no nordeste do Brasil. Por isso mesmo, no dia 19 de abril comemora-se o Dia do Exército.
Na prática, a história do Exército brasileiro tem início, assim como a história da Marinha, com a independência do país. A separação do Brasil de sua metrópole não se deu de modo pacífico, houve resistência concreta nas províncias Cisplatina, Bahia, Maranhão e Pará, sendo necessária a atuação do exército, com destaque para Maria Quitéria, baiano que se disfarçara como homem para participar da luta, tendo se destacado no campo de batalha.
Conquistada a independência, o exército logo irá intervir na Guerra Cisplatina, que resulta na independência do Uruguai. O revés faz com que a diplomacia brasileira busque uma posição de não intervenção nos assuntos dos países vizinhos ao sul. Somente vinte anos depois o Brasil sente-se impelido a enviar tropas à região, ante a política expansionista de Juan Manuel de Rosas e Manuel Oribe, ditadores argentino e uruguaio, respectivamente.
Ainda no século XIX, os soldados do Exército tiveram a primeira grande experiência internacional, participando da Guerra do Paraguai. No conflito, a instituição se consolidou e reorganizou sob o comando de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que é considerado por isso mesmo o patrono do Exército Brasileiro. O exército somente voltaria a se envolver em algum conflito na Segunda Guerra Mundial, organizando a FEB (Força Expedicionária Brasileira), onde, ao lado da Força Aérea, teve uma participação importante na tomada da Itália Fascista pelos Aliados.
Atualmente, o Exército Brasileiro tem a missão de defender o território e a soberania brasileira, garantir a manutenção da Lei e da Ordem, e ajudar a população em caso de calamidades. Importante também é ressaltar a participação do Exército na política brasileira desde a Proclamação da República, em 1889. Os dois primeiros presidentes vinham das fileiras do exército, e mais tarde, também teriam papel importante nos golpes de 1930 e 1964. Com a redemocratização em 1985, os militares voltaram aos quartéis e restringiram sua participação na vida nacional às suas funções constitucionais. Em nível internacional, entre os anos 1980 e a década inicial do século XXI, a participação do Exército na tarefa de reorganização do Haiti, país que passou por um colapso institucional, vivendo um período caótico.
Na década de 80 com a modernização dos contingentes militares no Brasil, ocorreu que no ano de 1985 com a vinda de diverso equipamento bélico moderno para a corporação, o Regimento novamente alterou sua denominação para 11º Regimento de Cavalaria Mecanizado 11º RC MEC, subordinado à 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, Brigada Guaicurus, já sediada na cidade de Dourados.
Segundo Amarilha 2012. De 1964 a 1985 o Brasil foi governado pelos militares, período conhecido como ditadura militar. Nessa ocasião, o Brasil viveu a mais dura, fechada, arbitrária, rigorosa e totalitária ditadura já implantada em terras brasileiras. O governo militar fechou sindicatos e entidades civis. Proibiu as greves e cassou mandatos de políticos da oposição. Perseguiu intelectuais e profissionais liberais, que se mostravam contrários ao novo regime. Nesse período, estabeleceu-se na política brasileira o autoritarismo, a supressão dos direitos constitucionais, a perseguição, a prisão e a tortura dos opositores, além da imposição de censura prévia aos meios de comunicação.
Esta é uma homenagem ao 11º RC MEC, que sua história seja reverenciada no presente e no futuro. O 11º RC MEC está localizado na Avenida Brasil na área central, ponto de entrada da cidade, desta forma vigilante, recebe os visitantes dando boas vindas a quem chega, protegendo Ponta Porã a “Princesinha dos Ervais”.
Analisar através de relatos e fontes históricas o cotidiano de um povo é perpetuar sua memória através da história e desta forma valorizar todos aqueles que direta ou indiretamente sempre contribuíram e ainda hoje contribuem para o desenvolvimento sócio econômico e cultural desta rica região de fronteira.
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Pesquisa: Prof. Me. Yhulds G. P. Bueno. 30 anos de atuação na docência da Rede Pública e Privada. Formado em Educação Física, Formação Pedagógica e Licenciatura em História. Mestre em Desenvolvimento Regional e de Sistemas Produtivos; Pós Graduado em Metodologia do Ensino de História e Geografia; Pós graduado: Docência em Biblioteconomia; Pós Graduado: Ensino de História. Membro associado e Presidente 2024/25 do Rotary Club Ponta Porã Pedro Juan Caballero Guarani – Distrito 4470