Duas fortes explosões sucessivas sacudiram, nesta terça-feira (4/8), a região portuária da capital libanesa, Beirute, deixando mortos e feridos, semeado o pânico e provocando uma imensa coluna de fumaça. A explosão, que abalou edifícios inteiros e quebrou vidros, foi sentida em várias partes da cidade.
As explosões, que ocorreram na área portuária e cuja origem ainda não foi determinada, foram ouvidas em vários bairros da cidade e até em países vizinhos. De acordo com a agência nacional de informação, as explosões fizeram “mortos e feridos”. Acusado de “brincar com fogo”, o Hezbollah negou qualquer envolvimento.
Georges Kettaneh, presidente da Cruz Vermelha Libanesa, se referiu a “centenas de feridos” em um comunicado na televisão libanesa LBC. “Estamos sobrecarregados pelos telefonemas”, disse ele.
Segundo o The Guardian, o ministro da Saúde do Líbano disse a jornalistas que um navio com fogos de artifício explodiu no porto. Ainda de acordo com o jornal, embora o tamanho da explosão ouvida em todo o país tenha levantado suspeitas de que possa ter resultado de um ataque com foguete ou detonação de explosivos — deliberados ou não. Ele disse que pelo menos dezenas ficaram feridas, mas não deu mais detalhes sobre as vítimas.
Uma enorme nuvem de fumaça pode ser vista do outro lado da cidade e testemunhas disseram que houve relatos de incêndio e várias explosões menores no porto que antecederam a grande explosão. Vídeos mostram a explosão por vários ângulos.
“Senti como se fosse um terremoto e depois uma enorme explosão que quebrou todos os vidros. Senti que foi mais forte do que a explosão do assassinato de Rafic Hariri” em 2005, provocada por uma caminhonete carregada de explosivos, declarou à AFP uma libanesa no centro de Beirute.
Área isolada
A área portuária foi isolada pelas forças de segurança, que só permitem a passagem de agentes da defesa civil, de ambulâncias e caminhões de bombeiros. Os jornalistas foram proibidos de acessar a zona, segundo um correspondente da AFP.
Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes. A mídia local transmitiu imagens de pessoas presas em escombros, algumas cobertas de sangue.
“Os prédios estão tremendo”, tuitou um morador da cidade, dizendo que “todas as janelas do (seu) apartamento explodiram”. Segundo um outro, a explosão foi ouvida por quilômetros.
Feridos
De acordo com os correspondentes da AFP, muitos residentes feridos andam nas ruas em direção a hospitais. No bairro de Achrafieh, os feridos correm para o Hôtel Dieu.
Em frente ao centro médico de Clémenceau, dezenas de feridos, incluindo crianças, às vezes cobertas de sangue, esperavam para serem admitidos, segundo um correspondente da AFP.
Quase todas as vitrines das lojas dos bairros de Hamra, Badaro e Hazmieh estavam quebradas, assim como os vidros dos carros. Carros foram abandonados nas ruas com os airbags inflados.
Brasil
A Marinha do Brasil informou que um návio brasileiro está longe do local da explosão. “Todos os militares componentes da Força Tarefa Marítima (UNIFIL) da Marinha do Brasil estão bem e não há feridos, após explosão ocorrida hoje, em Beirute. A Fragata “Independência” encontra-se operando no mar, normalmente.”, escreveu, no Twitter.
Rafik Hariri
Em 14 de fevereiro de 2005, um atentado com uma caminhonete carregada de explosivos atingiu o comboio de Rafik Hariri, matando-o com outras 21 pessoas e ferindo mais de 200. A explosão causou chamas de vários metros de altura, quebrando as janelas dos prédios em um raio de meio quilômetro.
Na sexta-feira, o Tribunal Especial do Líbano (STL), com sede na Holanda, deve emitir seu veredicto no julgamento de quatro homens, todos suspeitos de serem membros do poderoso movimento libanês Hezbollah, acusado de participar do assassinato de Hariri.
Crise
O Líbano atravessa a pior crise econômica em décadas, marcada por depreciação monetária sem precedentes, hiperinflação, demissões em massa e restrições bancárias drásticas, que alimentam há vários meses o descontentamento social.
Há uma semana, após meses de relativa calma, Israel disse que frustrou um ataque “terrorista” e abriu fogo contra homens que cruzaram a “Linha Azul” entre o Líbano e Israel.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, atribuiu a infiltração ao Hezbollah, um movimento armado pró-iraniano muito influente no sul do Líbano e que o Estado judeu considera como seu inimigo. Acusado de “brincar com fogo”, o Hezbollah negou qualquer envolvimento.