Cidade de MS decreta “lockdown” a partir de segunda-feira para tentar conter a Covid-19

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Pouco mais de dois meses depois, 181 mortos a mais somente nas unidades hospitalares do Município e mais de 10.000 novos casos confirmados, o prefeito Alan Guedes (PP) decidiu, só agora, reunir segmentos da sociedade para encontrar a fórmula de como seguir a recomendação da Nota Técnica aprovada pelo Comitê de Gerenciamento de Crise do Coronavirus que ‘amarelava’ na mesa dele desde março, e anunciou “fechamento total” (a medida mais restritiva que é conhecida como lockdown), com regras ainda a serem estabelecidas, no funcionamento dos setores produtivos e de abastecimento, em decreto que deve ser publicado nas próximas horas em Dourados.

Alerta foi feito pelo Douranews no dia 20 de março

O ‘lockdown’, divulgado pelo DOURANEWS com base em dados técnicos e após estudo científico de membros do Comitê, chegou a ser considerado “notícia mentirosa de um ‘site que não tem compromisso com a cidade e nem respeito com a dor das pessoas’”, conforme reagiu Alan Guedes (PP), pela página oficial da Prefeitura, à informação de que só dependia da decisão dele a adoção de medidas de contenção mais rígidas para enfrentar a pandemia da Covid-19. Desde o começo da manhã desta quarta-feira (26), estão sendo debatidas alternativas para reduzir o impacto do lockdown na comunidade.

Da mesma forma, na semana passada, o Editor de Conteúdo do DOURANEWS, jornalista Clóvis de Oliveira, foi denunciado na Polícia pelo prefeito por repercutir a revelação feita, na tribuna da Câmara, pela vereadora Lia Nogueira, na sessão de segunda-feira (17) passada, a respeito do pagamento de mais de R$ 800 mil às empresas do atual chefe de Gabinete da Prefeitura, quando Alan era presidente da Câmara e ‘negociava’ diretamente com o jornalista Alfredo Barbara Neto, do DiárioMS, local onde funcionou o comitê alternativo da campanha do prefeito eleito. Os jornalistas José Henrique Marques, Valfrido Silva e Silva Junior também foram denunciados por Guedes pelo ‘mesmo crime’.

ESTADO DE CALAMIDADE

A Nota Técnica, um documento com 36 páginas, atualizada, pelo Núcleo Técnico de Apoio ao Município de Dourados para Combate à Pandemia do Novo Coronavírus, assinada no dia 22 de março pelo médico infectologista David Tibiriçá Caravelas, que – mesmo residindo no interior de São Paulo – preside o Núcleo em Dourados, recomendava que “para refrear o colapso total do sistema de saúde municipal e evitar o aumento descontrolado do número de casos de infecção pelo novo coronavírus, o aumento desenfreado da demanda por leitos hospitalares, o desabastecimento de oxigênio e de insumos necessários a preservação e manutenção da vida e a ocorrência de óbitos em massa”, seriam necessárias:

– “ações emergenciais de proteção à saúde da população que incluem medidas imediatas, para adoção escalonada, conforme o nível de agravamento do quadro pandêmico, chegando até à decretação do ‘estado de calamidade’, onde se prevê a interrupção dos serviços de transporte coletivo, o fechamento de bares e restaurantes, templos religiosos e a suspensão do atendimento presencial e a retirada de produtos (“take away”) do comércio, além da interrupção do funcionamento da rede hoteleira”.

Prefeito negou realidade da pandemia até agora

O Núcleo Técnico, que funciona como organismo de consulta às decisões do prefeito, ainda recomendou a obrigatoriedade da prestação de jornada laboral mediante teletrabalho para atividades administrativas, escritórios em geral, serviços de tecnologia da informação e telecomunicações, disciplinadas mediante justificativa as hipóteses excepcionais, uma vez que o transporte público também deixaria de funcionar durante o período e a suspensão das aulas e demais atividades presenciais na rede pública municipal de ensino e na rede privada.

BANDEIRA CINZA

De acordo com o Prosseguir, ferramenta criada pelo Governo do Estado para monitorar e classificar as cidades de acordo com o grau de risco de infecção pelo coronavírus, Dourados atingiu a ‘bandeira cinza’, ou seja, de risco extremo de contágio, voltando a ser, nesta quarta-feira (26), o epicentro da doença no Estado, conforme o último boletim da Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul.

O Município registrou 226 casos nas últimas 24 horas, ultrapassando inclusive a capital, que tem uma população quase quatro vezes maior. No fim da tarde, havia 55 pessoas aguardando por uma fila de leitos para tratamento em UTI na rede hospitalar com 100% de ocupação. A cidade tinha 31.012 casos confirmados da doença, 486 óbitos só de moradores locais e 166 pacientes internados, dos quais 79 em leitos de UTI, evolução resultante do negacionismo de Alan Guedes.

EXEMPLO

Em Araraquara, no interior paulista, um ‘lockdown’ de 10 dias foi capaz de diminuir os indicadores relativos à disseminação da Covid-19 no período de 21 de fevereiro a 2 de março, com a queda no número de diagnósticos positivos da doença, internações e óbitos.

Os dados da Prefeitura da cidade comparam os indicadores entre o primeiro dia do lockdown, 21 de fevereiro, e o dia 11 de abril, 50 dias após o início do “fechamento” da cidade. O número de casos confirmados em 15 dias caiu 66,2%: de 2.361 (de 7 de fevereiro a 21 de fevereiro), para 799 (de 30 de março a 11 de abril).

O número de internações caiu 24% em Araraquara: eram 218 pessoas em 21 de fevereiro e 165 no dia 11 de março. O total de mortes por Covid-19 na cidade também teve queda expressiva: 62%. A doença matou 42 pessoas nos 15 dias anteriores ao confinamento. No período de 29 de março a 11 de abril, foram 16 vítimas.

Douranews

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