Uma ação policial realizada nesta terça-feira deixou ao menos 64 pessoas mortas no Rio de Janeiro, na operação mais letal da história do estado. As forças de segurança atuaram nos complexos do Alemão e da Penha contra a expansão territorial do Comando Vermelho. Até agora, a operação mais letal da história do Rio era o massacre do Jacarezinho, em maio de 2021, com 28 mortos, entre eles um policial.
Quando esta edição do AGORA RN foi fechada, também estavam confirmadas a apreensão de 93 fuzis e a prisão de 81 pessoas.

Do total de vítimas desta terça, ao menos 60 são apontadas pela polícia como suspeitas de serem criminosas. Além disso, dois policiais civis e dois policiais militares também morreram na ação. Outros nove agentes ficaram feridos. Juntos, o Alemão e a Penha abrigam 26 comunidades.

Operação rio - Foto: FERNANDO FRAZÃO / AGÊNCIA BRASIL

Bandidos ordenam fechamento de comércio e queimam lixeiras para bloquear via – Foto: FERNANDO FRAZÃO / AGÊNCIA BRASIL

megaoperação policial buscou cumprir 69 mandados de prisão em 180 endereços.

Em resposta à operação, o Comando Vermelho ordenou o fechamento de ruas, e mais de 50 ônibus foram roubados. Com isso, diversas vias foram bloqueadas e parte da cidade parou.
No total, cerca de 2,5 mil policiais civis e militares participaram da ofensiva. No Alemão e na Penha, pelo menos 87 escolas tiveram as atividades afetadas – 48 nem chegaram a abrir. O total de alunos impactados foi de 29 mil.

“Essa operação tem muito pouco a ver com segurança pública. É um estado de defesa. Não é mais só responsabilidade do estado, excede as nossas competências. Já era pra ter um trabalho de integração com as forças federais. O Rio está sozinho”, afirmou o governador Cláudio Castro (PL).

De acordo com ele, essa é a maior operação da história das forças de segurança do estado. “Uma operação que teve início no cumprimento de mandados judiciais, mais de um ano de investigação, mais de 60 dias de planejamento. Uma operação do estado contra narcoterroristas – quem faz o que eles fazem são narcoterroristas. Já temos relatos de tentarem fechar a avenida Brasil e outras vias para desviar a atenção. Há grande possibilidade de lideranças encurraladas, detidas ou neutralizados”, afirmou.

Segundo o governo do estado, criminosos usaram drones para lançar bombas contra as equipes policiais e a população, no Complexo da Penha, para atrasar o avanço das forças de segurança.

Em entrevista coletiva, Castro também teceu críticas ao governo federal, a quem acusou de não se preocupar com a segurança pública e de não ajudar o Rio.

O Aeroporto Internacional do Galeão, na Zona Norte do Rio, seguia funcionando normalmente na noite de ontem, mas há interdições provocadas por criminosos nas vias de acesso ao terminal. Quem desembarca na cidade tem medo de deixar o aeroporto.

A microempresária Patrícia Nogueira, que voltava de férias com o marido e o filho de 4 anos em um voo de Curitiba, desembarcou no Galeão por volta das 14h30 e decidiu permanecer no terminal, sem condições de se deslocar. “Chegaram a me oferecer um táxi, mas vou pegar um táxi para onde?”, questionou Patrícia, em entrevista ao jornal O Globo.

‘Não recebi nenhum pedido do governador’, diz Lewandowski

Em coletiva de imprensa em Fortaleza (CE), o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que não recebeu nenhum pedido de Claudio Castro sobre a operação.

O ministro destacou que o “a responsabilidade constitucional pela segurança pública nos estados é das autoridades locais, é do governador”. “Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e e pedir GLO ou intervenção federal”, afirmou o ministro.

Castro tentou responsabilizar o governo Lula pela situação, afirmando que já pediu ajuda e que nunca teve “o auxílio de blindados nem de agentes das forças federais de segurança e da defesa” no estado.
Lewandowski afirma que esse tipo de ajuda jamais foi solicitada por Castro. “Para isso, o governo do Rio de Janeiro teria que fazer uma declaração formal de que as forças locais não têm condições debelar o crime”, diz.

O governador, por outro lado, alega que o governo federal não tem disposição de decretar GLO.

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