Um triplo homicídio ocorrido há pouco mais de um mês ganhou enredo típico de romance policial após detalhes do caso serem relatados à imprensa ontem. Em 19 de maio, Diênifer Padia, de 26 anos, foi morta por asfixia ao lado do cunhado Alessandro dos Santos, de 34 anos, e da sobrinha Kétlyn Padia dos Santos, de 15 anos. Os três foram encontrados amarrados, já sem vida, dentro de uma casa em Passo Fundo (RS), a 289 quilômetros de distância de Porto Alegre. Ontem, o ex-chefe de Diênifer, um fazendeiro de 42 anos cujo nome não foi divulgado pela polícia, foi preso preventivamente como suspeito de ser o mandante do crime. A mulher dele e o cunhado também teriam envolvimento no triplo assassinato e não foram localizados durante cumprimento de mandado de prisão, por isso são considerados foragidos.
Um ex-policial militar, exonerado da corporação há mais de 20 anos, já está detido desde 19 de junho. Os nomes de nenhum dos investigados foram divulgados pela polícia. Segundo a polícia, o fazendeiro cria suínos em uma propriedade em Casca, na mesma região. Por três anos, Diênifer trabalhou no local, acabou se envolvendo com o chefe e ficou grávida. A mulher dele descobriu, e a jovem e um parente – que também trabalhava na propriedade – acabaram demitidos, em março deste ano, e retornaram para Passo Fundo.
“A esposa disse que tomou conhecimento do relacionamento entre eles depois do nascimento da criança e por boatos surgidos na comunidade. Ao confrontar o marido, ele confirmou. Ela alegou que aceitaria que ele ‘assumisse’ a paternidade, mas que terminasse com o relacionamento”, observa a delegada responsável pela investigação, Daniela Minetto. Ao voltar para Passo Fundo, Diênifer passou a receber ameaças de morte. “Ela recebeu uma caixa de sapato com uma boneca, sem membros e com manchas vermelhas como se fossem sangue, ameaçando-a de morte”, conta a policial, salientando que a jovem registrou ocorrência.
Na mesma época, saiu o resultado do exame de DNA na criança, que comprovou a paternidade do ex-chefe de Diênifer. “Ele soube extraoficialmente do resultado, já que o fórum cessou as atividades em razão da covid-19”, disse a delegada. A ex-amante teria feito algumas exigências. Conforme a investigação, Diênifer recebeu uma casa e um cartão de crédito para custear as despesas com a criança, hoje com um ano e meio. Ela também se preparava para abrir uma loja de roupas após o fim da pandemia.
Ainda segundo a delegada, após o resultado do DNA, a mulher do produtor rural teria começado a articular o assassinato da ex-amante e coube ao seu irmão contratar o ex-PM para executar Diênifer. Na residência do ex-PM foram encontrados R$ 17,5 mil em dinheiro, além de drogas e armas. As investigações apontaram que teria sido oferecido R$ 25 mil e R$ 30 mil para quem matasse a amante. A polícia acredita que o cunhado e a sobrinha foram assassinados para não deixar testemunhas. Os quatro envolvidos podem responder por homicídio com as seguintes qualificadoras (que geram aumento da pena): pagamento de recompensa, asfixia, emboscada e feminicídio.
Em depoimento, a ex-patroa negou participação no crime, mesma linha seguida pelo marido. “Ele disse que assumiu o relacionamento e que deu de bom grado a casa e o cartão de crédito. Negou qualquer participação nas mortes”, conclui a delegada. Além da menina de um ano e meio, Diênifer deixa dois outros filhos: dois meninos, um de seis e outro de três anos.
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